Se você passa o dia ocupado, atarefado e estressado e pensa que por isso está sendo produtivo, é bem provável que você esteja errado – aprenda a avaliar e reveja seus conceitos!
A produtividade não é medida só pelo tempo ou stress que você dedica à produção – pelo contrário: reduzir o tempo e/ou o esforço necessários para gerar a mesma quantidade de produto é uma forma válida de aumentar a produtividade.
A chave para a produtividade pessoal não é manter-se atarefado, mas sim entregar mais valor com menos esforço.
Para o dono da loja, faz sentido aumentar a meta do balconista que sempre está conseguindo cumprir sua meta antes de chegar o fim do mês, mas no caso da produtividade pessoal, você é ao mesmo tempo o dono da loja e o balconista, e precisa saber onde o ponto de equilíbrio está.
Cuidado para não cair nas duas perigosas armadilhas: (i) buscar ganhos de produtividade pessoal apenas para poder buscar ainda mais produtividade pessoal depois, ou (ii) confundir produtividade com nível de esforço de ocupação.
E se você já se sente em uma dessas 2 armadilhas, aqui vai a dica: nos próximos dias, além de acompanhar as tarefas que você completa, anote o que cada uma delas entregou em termos de valor para alguém.
Ao final de cada dia, faça uma boa revisão das entregas anotadas, classifique-as em ordem de valor, e reflita sobre como passar mais tempo fazendo as que de fato geram valor, e em troca reduzir aquelas que o ocupam mas não geram nada valioso.
Lembre-se sempre: a chave para a produtividade pessoal não é manter-se atarefado, mas sim entregar mais valor com menos esforço.
Conceito de produtividade e você: tudo a ver
Vamos partir do conceito: produtividade é uma categoria de rendimento, caracterizada pela relação entre o que foi produzido e o valor dos insumos aplicados, ou seja:
A fórmula da produtividade (simplificada), que você vê acima, é bem clara: é uma relação entre 2 valores bem específicos dos quais o segundo (o investimento) pode ser qualquer unidade relevante de valor ou esforço.
Note que a fórmula não considera, por exemplo, quanto empenho a produção demandou, a intensidade das pressões contrárias, o quanto você esteve concentrado para poder acabar o produto, e quanto esforço você dedicou ou deixou de dedicar a algo que não era o produto.
Assim, se o investimento (esforço ou valor, dependendo do enfoque) diminui mas a produção continua a mesma, houve ganho de produtividade, da mesma forma que se o produto aumentar e o esforço se mantiver constante.
Avaliar a produtividade de um profissional em termos de esforço, concentração ou tempo dedicado ao trabalho dava certo (mais ou menos) nos tempos das linhas de montagem mecanicistas, mas já viramos várias páginas desde então, e está na hora de fazer valer a parte essencial do conceito da produtividade: o produto, ou seja, o valor do que é entregue pelo trabalho.
A grande armadilha da produtividade pessoal
Nos conceitos econômicos, todo ganho de produtividade nos processos que corresponde a redução do esforço com manutenção do valor produzido tende a levar a uma consequência imediata: elevar novamente o esforço até o nível anterior, obtendo assim (teoricamente) maior valor produzido, até chegar aos limites de escala.
Agir assim faz sentido para gestores de processos industriais cujo objetivo é remunerar o capital investido, mas no caso da produtividade pessoal não precisa ser assim: o meio de produção se confunde com o gestor, e o ganho de produtividade pela redução do esforço também deve permitir ajustar o nível de produção e ter mais disponibilidade (traduzida em esforço, tempo ou seu valor monetário) para investir em maior qualidade de vida.
Ganhar produtividade é bom, mas saiba avaliar corretamente este ganho, senão ele acabará trabalhando contra você como indivíduo.
Autor: Augusto Campos
Publicado originalmente em Efetividade