A Transparência Internacional – Brasil apresentou um estudo que ilumina o cenário da integridade corporativa no país. O relatório “Corrupção e integridade no mercado brasileiro: a percepção dos profissionais de compliance”, desenvolvido pela Quaest em novembro de 2024, reúne insights de líderes que lidam diariamente com riscos de integridade, corrupção e governança nas maiores empresas brasileiras.
O levantamento envolveu 91 executivos de compliance das 250 maiores empresas do país, conforme o ranking Valor 1000. Para facilitar a análise, os resultados foram organizados em três blocos principais. Assim, o leitor entende com clareza como os profissionais avaliam a evolução da integridade no Brasil:
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A maturidade dos programas de compliance e o ambiente empresarial
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A atuação do poder público no combate à corrupção
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A conjuntura atual e as tendências para os próximos anos
Essa estrutura ajuda a visualizar não apenas a fotografia atual, mas também as expectativas e preocupações de quem vive o tema de forma prática.
Integridade empresarial: avanços importantes, mas desafios contínuos
Nos últimos anos, muitos programas de integridade evoluíram. Empresas ampliaram políticas internas, profissionalizaram equipes e passaram a tratar o tema como parte da estratégia. Apesar disso, o mercado ainda mostra uma maturidade desigual. Em alguns setores, a implementação avança com consistência; em outros, a adoção permanece limitada.
Além disso, vários executivos apontam que a distância entre discurso e prática continua evidente. Nesse sentido, a adoção de monitoramento contínuo, transparência e responsabilização ainda não acompanha a velocidade das exigências regulatórias e sociais.
Por fim, o estudo indica que a pressão por conformidade tende a aumentar, o que pode acelerar a profissionalização da área.
Como o setor público é percebido pelos líderes de compliance
A percepção sobre o governo federal chama atenção, sobretudo pela tonalidade das respostas. A maior parte dos profissionais demonstra preocupação crescente. Eles entendem que o combate à corrupção perdeu força e organização nos últimos anos.
Os principais pontos mencionados incluem:
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Falta de clareza nas prioridades anticorrupção
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Redução da eficácia dos mecanismos de fiscalização
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Avanço de práticas pouco transparentes, como orçamento secreto e emendas PIX
Portanto, o estudo reforça que a solidez das políticas públicas continua sendo um pilar essencial para qualquer avanço estrutural. Sem coerência regulatória, o setor privado tende a enfrentar mais incertezas.
Tendências para os próximos anos: riscos e oportunidades
O relatório também observa o que os profissionais de compliance esperam do futuro. Embora exista cautela, há sinais de otimismo moderado. Executivos acreditam que:
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O investimento em compliance deve crescer, impulsionado por riscos mais complexos
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A digitalização ampliará demandas por controles mais técnicos
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A agenda ESG continuará estimulando políticas de integridade, embora com assimetrias entre setores
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Empresas mais maduras deverão ampliar a integração entre auditoria, riscos e conformidade
Além disso, diversas organizações já consideram reforçar tecnologias de prevenção, como análise comportamental e monitoramento automatizado.
Por que este estudo merece atenção
A pesquisa funciona como um termômetro estratégico da integridade corporativa brasileira. Ela mostra que as empresas avançaram, mas ainda enfrentam barreiras estruturais. Mostra também que a confiança no setor público está fragilizada, o que pressiona o mercado a compensar esse desequilíbrio por meio de governança e controle internos.
Dessa forma, o relatório se torna leitura essencial para profissionais de compliance, auditoria, riscos, governança, comitês, conselhos e áreas jurídicas. Ele ajuda a compreender o cenário atual, ajustar expectativas e reforçar planos de integridade em um ambiente complexo e dinâmico.
Acesso à pesquisa completa
O relatório completo está disponível no site da Transparência Internacional – Brasil, ou diretamente neste link.