No cenário atual, a sustentabilidade vai além da pauta ambiental. Ela se consolida como um pilar estratégico para governança e gestão de riscos. Diante disso, o Banco Central do Brasil (BC) reafirma sua liderança. Ele lançou a quinta edição do seu Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos (“RIS 2025”) em agosto de 2025.
Este documento anual é muito mais que um compilado de ações. Na verdade, ele funciona como um mapa detalhado da jornada do BC. O objetivo é construir um sistema financeiro mais robusto, inclusivo e preparado para os desafios futuros.
O RIS 2025 abrange o período de julho de 2024 a junho de 2025. Sua estrutura está alinhada às melhores práticas internacionais. Por exemplo, ele segue as propostas do World Economic Forum (WEF) e da International Sustainability Standards Board (ISSB). Assim, o relatório organiza suas informações em cinco pilares essenciais para uma visão abrangente.
Governança: A estrutura por trás da sustentabilidade
Este capítulo detalha a estratégia, estrutura e políticas do BC. Inclui, por exemplo, a gestão integrada de riscos corporativos. O relatório também evidencia o engajamento ativo do Banco Central em fóruns internacionais.
Isso se mostra na presidência brasileira do G20 e do BRICS, bem como nas preparações para a COP30. Iniciativas como o G20 TechSprint 2024 e a Conferência global sobre Finanças Sustentáveis (G20 Data Gaps Initiative 3 – DGI-3) demonstram como a sustentabilidade está profundamente enraizada na missão da instituição. Além disso, o BC participa da International Financial Consumer Protection Organisation (FinCoNet).
Planeta: Enfrentando os riscos climáticos e ambientais
Neste pilar, o foco recai sobre os riscos e oportunidades das mudanças climáticas. Estes impactam a economia e o Sistema Financeiro Nacional (SFN). O relatório aborda os efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul na política monetária.
Além disso, aprofunda-se na Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF) sobre riscos climáticos. Analisa, ainda, as exposições de crédito em risco devido a riscos climáticos físicos e de transição, com estimativas de impacto no SFN. A gestão dos Riscos Sociais, Ambientais e Climáticos é detalhada. Isso inclui o papel do Bureau de Crédito Rural e a atuação do BC para amenizar os efeitos das enchentes.
É importante destacar que, a partir de 2026, instituições financeiras de maior porte deverão elaborar e divulgar relatórios de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. O BC também apresenta sua gestão de reservas internacionais sob a ótica da sustentabilidade. Por fim, ele detalha as iniciativas para reduzir suas próprias emissões de gases de efeito estufa, como o Inventário de GEE e ações de coleta seletiva.
Pessoas: Cidadania financeira e bem-estar social
Este pilar explora as ações do BC para promover a cidadania financeira. Ele também busca aprimorar o relacionamento com a sociedade. O relatório apresenta melhorias no Ranking de Reclamações contra bancos e instituições de pagamento.
Além disso, mostra a reformulação do Relatório de Inflação e o impacto de programas como o Aprender Valor e o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro. O documento também aborda a gestão de vulnerabilidades e mutirões para renegociação de dívidas. Por fim, detalha políticas internas de diversidade, aprendizagem e bem-estar para o corpo funcional do BC, reforçando a dimensão humana da agenda de sustentabilidade.
Prosperidade: Inovação e inclusão para um SFN dinâmico
O relatório detalha as iniciativas que impulsionam a inclusão financeira, a inovação e a competitividade no SFN. Desde a consolidação e crescimento do Pix e o avanço do Open Finance, o BC demonstra seu compromisso.
Outros exemplos incluem o Projeto Aperta e o ecossistema de inovação LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas). Assim, o Banco Central mostra como a tecnologia e novos instrumentos financeiros sustentáveis são alavancas. Eles direcionam investimentos para projetos com impactos sociais e ambientais positivos. A atuação com cooperativas de crédito e a iniciativa BC UNEVozes também são mencionadas, ilustrando o compromisso com a democratização dos serviços financeiros.
Perspectivas: O futuro da agenda de sustentabilidade do BC
Este capítulo é uma inovação do BC. Ele oferece um panorama das pesquisas em andamento. Isso inclui estudos sobre geadas e os efeitos de eventos extremos na economia e no setor financeiro, além dos riscos climáticos de transição.
As prioridades regulatórias para 2025/2026 são detalhadas. Elas incluem a ampliação da divulgação de informações por instituições financeiras e avanços no crédito rural. O relatório também aborda ações internas, como a reforma do sistema de ar-condicionado do edifício-sede e critérios de sustentabilidade nas contratações.
O Drex, por sua vez, é apresentado como um vetor para a democratização dos serviços financeiros no Brasil. Por fim, o papel do Banco Central no desenvolvimento da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) e sua participação ativa na COP30 são destacados. A COP30 será sediada e presidida pelo Brasil em novembro de 2025.
O RIS 2025 é um testemunho claro do compromisso do Banco Central com a Agenda BC#. Em particular, ele foca na dimensão de Sustentabilidade. As iniciativas apresentadas visam não apenas aprimorar a regulação ASG e a gestão de riscos climáticos. Elas também fortalecem a posição do Brasil como referência em finanças sustentáveis.
Para os profissionais de GRC, este relatório funciona como uma bússola. Ele não só delineia o caminho regulatório. Além disso, oferece insights valiosos sobre as expectativas do regulador e as tendências que moldarão o futuro do nosso sistema financeiro.
Convido você a aprofundar-se nos detalhes. O relatório completo é uma leitura essencial para entender a amplitude e a profundidade da agenda de sustentabilidade do Banco Central.