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Nova pesquisa examina o impacto da pandemia na Auditoria Interna

    À medida que o esforço da vacinação continua e se espalha a esperança de que possamos estar nos aproximando do fim da pandemia COVID-19, ainda é muito cedo para avaliar o impacto de longo prazo que a crise no ano passado terá na vida diária, na economia e, conforme se relaciona aqui, a profissão de auditoria interna.

    Agora, uma nova pesquisa visa lançar alguma luz sobre os diversos efeitos da pandemia nas organizações e na auditoria interna. É provável que ainda demore algum tempo até que os escritórios voltem ao normal e os auditores internos não enfrentem mais os desafios de realizar auditorias remotamente e sem as valiosas interações face a face – além das chamadas do Zoom – com colegas, clientes auditados e outros. Uma coisa é certa: a crise do Coronavirus não afetou as empresas de maneira uniforme. Enquanto alguns setores, como viagens, hospitalidade e entretenimento ao vivo foram devastados, outros, como tecnologias que permitem o trabalho remoto, prosperaram. Os auditores internos em tais setores foram puxados em direções diferentes e enfrentaram problemas bem diferentes.

    A pesquisa, 2021 North American Pulse of Internal Audit: Many Sides of Crisis, publicada pelo Instituto dos Auditores Internos (IIA), mostra essa disparidade nas oportunidades que a pandemia produziu, bem como nos custos que ela extraiu. Os efeitos da pandemia na auditoria interna foram observados em um amplo espectro de métricas confiáveis da pesquisa Pulse, incluindo orçamentos de auditoria interna, pessoal (staffing), avaliações de risco e planos de auditoria.

    Uma oportunidade para auditoria interna

    Embora os impactos da pandemia variem de acordo com a indústria, os resultados da pesquisa Pulse mostram de maneira consistente que os efeitos sobre a função de auditoria interna foram menos graves do que para a organização como um todo. Entre as diferenças mais dramáticas, estava o setor de saúde e assistência social, em que 80% dos entrevistados de tais organizações classificaram o impacto da pandemia como “extenso” para a organização como um todo, porém, apenas 37% o classificaram como tal para a função de auditoria interna. Em serviços financeiros e seguros, apenas 18% dos entrevistados classificaram o impacto da pandemia como “mínimo” para a organização como um todo, enquanto mais do que o dobro (41%) o classificaram como “mínimo” para a própria função de auditoria interna.

    “A pandemia criou um teste aberto para a auditoria interna mostrar o seu valor, particularmente, em resposta aos riscos de gestão de crise e continuidade de negócios no início da pandemia”, escrevem os autores do relatório. “De fato, as respostas dos CAEs que relataram aumento de pessoal apoiam que, para alguns, as respostas à pandemia expandiram o escopo de trabalho da profissão. No total, os impactos da pandemia foram menores do que o inicialmente previsto pelos líderes de auditoria interna.”

    “Em seu conjunto, essas tendências sugerem que os stakeholders podem dar prioridade à auditoria interna, fornecendo garantia sobre riscos financeiros e de conformidade, que podem ser percebidos como essenciais em tempos de crise”, afirma o relatório. “A necessidade de especialização em auditoria interna nessas áreas pode ter fornecido uma proteção contra reduções ainda mais significativas do orçamento e da equipe de auditoria interna.”

    Um pequeno aperto do cinto

    Em relação a orçamentos e pessoal, as notícias foram mistas. Enquanto mais líderes de auditoria interna relataram cortes nos orçamentos (36%) em comparação com aqueles que disseram ter experimentado um aumento no orçamento (20%), os cortes foram geralmente menores do que o esperado pelos CAEs. Uma pesquisa do IIA de junho de 2020 revelou que 45% dos líderes de auditoria esperavam um corte no orçamento, 9% a mais do que aqueles que realmente o fizeram. Para muitas funções de auditoria interna, os orçamentos permaneceram estáveis, com 44% dos CAEs relatando nenhuma alteração nos orçamentos. É verdade também, porém, que mais CAEs relataram cortes no orçamento do que aqueles que relataram aumentos pela primeira vez desde 2009, encerrando 10 anos de orçamentos de auditoria interna em geral aumentando.

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    Fonte: Relatório Pulse of Internal Audit

     

    Não surpreendentemente, os cortes de orçamento e pessoal foram os predominantes nos setores mais afetados pela pandemia. Por exemplo, 58% dos líderes de auditoria em serviços educacionais relataram cortes e 48% em negócios voltados para o consumidor, como varejo e viagens, sofreram cortes nos orçamentos. Enquanto isso, em serviços financeiros, apenas 20% dos CAEs relataram cortes e 28% disseram que seus orçamentos aumentaram. Organizações de administração pública observaram resultados semelhantes com cortes citados por 27% dos entrevistados, enquanto 24% disseram que obtiveram aumentos.

    “O modo como os líderes de auditoria interna optaram por administrar os cortes orçamentários também conta uma história importante”, afirma o relatório. “Notavelmente, apenas 17% disseram que diminuíram o orçamento de pessoal de auditoria interna e apenas 26% diminuíram o orçamento de sourcing externo. Um pouco mais (cerca de um terço) disse que o orçamento para desenvolvimento profissional diminuiu. Os cortes orçamentários mais generalizados foram para viagens (83%), um resultado previsível, dada a pandemia que limitou drasticamente a capacidade dos profissionais de viajar.”

    Aumento dos níveis de risco

    Embora não seja nenhuma surpresa que os líderes de auditoria digam que os níveis de risco estão aumentando, dadas as grandes interrupções que a pandemia criou, a situação pode não ser tão ruim. Os níveis de risco aumentaram na maioria das áreas de auditoria para o setor público e organizações sem fins lucrativos. No entanto, foram relatadas menos áreas de risco crescente para organizações de capital aberto, serviços financeiros e empresas privadas. As alocações do plano de auditoria refletiram essas áreas de maior risco, incluindo segurança cibernética, relacionamentos com terceiros e questões de conformidade e regulamentares. Os dados refletiram aumentos nas alocações do plano de auditoria para cibersegurança e relatórios financeiros e declínios para riscos operacionais.

    As tendências do plano de auditoria sugerem que os stakeholders podem dar prioridade à auditoria interna, fornecendo garantia sobre as atividades de risco financeiro e de compliance, que podem ser percebidas como essenciais em tempos de crise. Conforme observado no relatório, os riscos relacionados à incerteza econômica, mudanças regulatórias e sair em segurança da pandemia deve alertar os líderes de auditoria interna para os grandes desafios à frente.

    “A necessidade de expertise em auditoria interna nessas áreas pode ter proporcionado uma proteção contra reduções ainda mais significativas do orçamento e da equipe de auditoria interna”, de acordo com o relatório. “A mensagem clara dos dados do relatório Pulse of Internal Audit deste ano pode ser resumida na máxima: ‘Estamos todos na mesma tempestade, mas não no mesmo barco’.”

    O Audit Executive Center (AEC) do IIA reuniu ideias de líderes na profissão por meio da pesquisa anual Pulse of Internal Audit desde 2009. Cada pesquisa coleta informações e percepções de líderes de auditoria interna, principalmente dos chefes executivos de auditoria (CAEs) e diretores e gerentes seniores de auditoria interna nos setores público, privado e organizações sem fins lucrativos.

    Certamente, a pandemia trouxe sua cota justa de mudanças e interrupções nas funções de auditoria interna, conforme documenta a pesquisa. Quando essas circunstâncias começam a voltar ao “normal”, se alguma vez, é uma incógnita.

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    Publicado originalmente no Internal Audit 360º em 17 de março de 2021.

    Este conteúdo foi traduzido e publicado com permissão do autor Joseph McCafferty. Internal Audit 360º não é afiliado com este site. A autorização concedida aplica-se apenas a este site TiagoSouza.com, ou seja, você não deve copiar este conteúdo traduzido para publicar em outro local.

    Autor da postagem original (em inglês): Joseph McCafferty

    Tradução por Tiago Souza

    Imagem do post: snowing via freepik (banco de imagens)

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